Eixos Temáticos
Saiba mais sobre a atuação da Rede Abrolhos
O mapeamento e caracterização de habitats é uma premissa básica para o planejamento espacial marinho. Ferramentas geofísicas, como sonares de varredura e multifeixe, aliadas à obtenção de imagens subaquáticas por mergulhadores ou robôs, têm permitido a descoberta e a caracterização de diversas feições do fundo marinho de Abrolhos. Tendo como ponto de partida o conhecimento local, a Rede mapeou vastas áreas de recifes mesofóticos, estruturas do tipo ‘blueholes’ (buracas) e o maior banco de rodolitos do mundo.
Além de ser a região com a maior biodiversidade da costa brasileira, o Banco dos Abrolhos é a área mais piscosa do Nordeste. Pesquisadores da Rede vêm promovendo diversas ações no sentido de conhecer a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas da região. Um dos eixos centrais é o monitoramento dos recifes. Os resultados desse esforço demonstram alterações significativas, incluindo reduções na biomassa de peixes e na cobertura de corais, com consequente aumento na abundância de organismos oportunistas. Também estudamos os impactos ambientais que incidem sobre os recifes, tais como os efeitos do rompimento da barragem de Fundão, o processo de microbialização dos recifes, a saúde dos corais e sua simbiose com as zooxantelas, entre outros temas.
Com a mortalidade dos corais se acelerando em um ritmo sem precedentes, temos nos preocupado com o desenvolvimento de técnicas e estratégias para a recuperação do ecossistema recifal.
A Rede tem dado especial atenção a pesquisas focadas nos recursos pesqueiros, produzindo um panorama sobre o ciclo reprodutivo, tamanhos adequados para captura, e informações bio-ecológicas básicas sobre peixes recifais, no sentido de orientar medidas de manejo. Também estudamos os efeitos e a efetividade das áreas protegidas, que tem grande potencial de contribuir com a conservação da biodiversidade e a sustentabilidade no uso de recursos pesqueiros.
Como, quando e sob quais condições o Banco dos Abrolhos se formou? Esse enorme edifício carbonático, construído ao longo de milhões de anos, teve pulsos de crescimento influenciados pelas elevações e rebaixamento do nível do mar, associadas aos ciclos de glaciação e aquecimento do planeta. Entender o processo de crescimento dos recifes e suas condicionantes, numa escala de dezenas de milhares de anos, é um dos objetivos da Rede. Outro aspecto que tem sido abordado é o crescimento das colônias de corais ao longo do último século, através do estudo das bandas anuais de crescimento.
Cada vez mais intensas e frequentes, as mudanças climáticas têm causado estragos imensos aos recifes coralíneos. Branqueamentos, seguidos de mortalidade em massa de corais, foram registrados nas últimas décadas, particularmente em 2016, com perdas incalculáveis para o planeta. E nos recifes de Abrolhos, qual é extensão do branqueamento? Quanto da cobertura coralínea está sendo perdida? O recife está ainda em um balanço positivo de crescimento e produção de carbonato de cálcio? Essas são algumas das perguntas que vêm sendo endereçadas pela Rede.
O Ensino e a extensão são atividades transversais que incidem sobre todos os eixos de atuação da Rede. O conhecimento científico é produzido, primordialmente, através do engajamento de estudantes de graduação e pós-graduação. Trata-se de uma abordagem integrada que confere, aos jovens cientistas, oportunidades de trabalho em um ambiente multidisciplinar e em contato com a resolução de problemas práticos. Os resultados são disseminados junto aos órgãos gestores (e.g. ICMBio) e organizações locais (e.g. comunidade pesqueira e ONGs), através de um processo dinâmico de diálogos entre os saberes da ciência e das comunidades locais. Além disso, as pautas mais interessantes e com potencial de despertar atenção mais abrangente, são divulgadas junto à imprensa nacional e internacional.